quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Aluno da UnB se recusa a participar de trote e é agredido


  • Rogério Duarte Guimarães Filho, 30, mostra marcas da agressão que teria sofrido dos veteranos da UnB
    Rogério Duarte Guimarães Filho, 30, mostra marcas da agressão que teria sofrido dos veteranos da UnBO aluno de geofísica da UnB (Universidade de Brasília) Rogério Duarte Guimarães Filho, 30, negou-se a participar de um trote na tarde desta terça-feira (22) e levou uma cabeçada no rosto. Ele contou aos jornalistas da UnB Agência que o incidente aconteceu durante uma aula de princípios da geofísica. Um grupo de dez a 15 alunos que preparavam o trote entrou na sala hostilizando cerca de 20 estudantes presentes.

Rogério percebeu que a aula seria interrompida e quis retirar-se. “Quando ia sair da sala fui impedido. Eles me ameaçaram, trocamos agressões verbais e um deles me deu uma cabeçada”. O aluno afirmou que havia duas meninas no grupo que o hostilizou. “Me senti humilhado”, disse.

Segundo seu relato, nos outros cursos dos quais participou, ciências sociais e matemática, só houve trotes positivos. “Não sou obrigado a participar disso. Tenho 50 kg e não vou brigar com quem é muito maior que eu”, comentou. Rogério reclamou da omissão da UnB em casos semelhantes e pediu a abertura de um processo disciplinar e maior segurança dentro do Campus.
 

Hospital

Rogério foi ao Instituto Médico Legal da 2ª DP para obter laudos da agressão. Como a instituição encontra-se em greve, ele voltou à UnB e foi ao pronto-socorro do HUB (Hospital Universitário de Brasília) acompanhado da assistente social da UnB, Irene Araújo. “Trabalho desde fevereiro na UnB e nunca tinha acompanhado uma agressão devido a um trote”, afirmou Irene. Com previsão de ser atendido somente à noite, Rogério decidiu buscar o laudo num hospital particular.

David Diniz, chefe de gabinete da reitoria, disse que segundo o depoimento do estudante, o trote é circunstancial. O verdadeiro problema é a agressão. “Ele está coberto de razão. Mas ele deve formalizar a denúncia e prestar seu depoimento para que possamos investigar”. Diniz explicou que a partir da descrição dos fatos será aberto um processo administrativo disciplinar e o departamento onde Rogério estuda será comunicado. Diniz solidarizou-se com o aluno e colocou-se à disposição para ajudá-lo.
 

Medidas

O professor Detlef Walde, diretor do Instituto de Geociências, onde ocorreu a agressão, convocou para esta quinta-feira, às 9h, uma reunião com a participação de seu vice, do professor que ministrava a aula, da decana de Assuntos Comunitários, Carolina Cássia, e do assessor de Juventude, Rafael Morais.

“Ele agiu corretamente. Procurou a coordenação do curso e a reitoria”, disse a decana. Ela esclareceu que durante a reunião serão definidas as medidas a serem adotadas. “Vamos abrir um processo disciplinar. A partir daí, será criada uma comissão para apurar os fatos”, contou. Segundo Cássia, haverá ainda uma medida educacional com reuniões envolvendo o Centro Acadêmico e os novos calouros – futuros veteranos – para desestimular o trote violento ou constrangedor.

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