segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Veja como funciona o veículo autônomo do Google

Google
Antes secretos, os veículos autônomos do Google andam, literalmente, bem à vista: a empresa vem testando os protótipos em vias públicas, e até convidou algumas pessoas para passear dentro de um dos carros robóticos em um circuito fechado.
A frota do Google de Toyotas Prius robóticos já percorreu mais de 300 mil quilômetros de vias urbanas, rodovias movimentadas e terrenos íngremes, com intervenções humanas ocasionais. O projeto ainda está longe de se tornar comercialmente viável, mas o Google montou um sistema em seu campo de testes com carrinhos de golfe sem motorista para mostrar como a tecnologia poderia mudar o transporte em um futuro próximo.
Sebastian Thrun, professor da Universidade de Stanford e diretor tecnológico do projeto, e Chris Urmson, engenheiro do Google, discutiram esses e outros detalhes em uma palestra na IEE, a Conferência Internacional sobre Robôs Inteligentes e Sistemas em São Francisco, no mês passado.
Thrun e Urmson explicaram como o carro funciona e mostraram vídeos dos test-drives, incluindo imagens do que o computador de bordo “vê" e como identifica outros veículos, pedestres e as luzes dos semáforos.
O Google já havia divulgado detalhes e vídeos do projeto, mas é a primeira vez que vi essas imagens. Elas são impressionantes e mudaram minha visão do projeto como um todo, que eu achava um tanto forçado. Agora, acredito que esta tecnologia realmente poderá a concretizar algumas das metas de Thrun: reduzir acidentes, o trânsito e o consumo de combustível.
Assista ao vídeo aqui:
 
Urmson comentou que o “coração do nosso sistema” é uma localizador a laser instalado no teto do carro. O dispositivo, um feixe de laser Velodyne, gera um mapa detalhado em 3D do entorno. O carro então combina as medições do laser com os mapas globais em alta resolução, produzindo diferentes tipos de modelos de dados para que o veículo se auto-dirija enquanto desvia de obstáculos e respeita as leis de trânsito.
carro também conta com outros sensores: quatro radares instalados nos para-choques dianteiro e traseiro, para que o carro “enxergue” mais longe e reconheça o tráfego rápido das vias expressas; uma câmera posicionada no espelho retrovisor, que detecta as luzes dos semáforos; e um GPS, unidade de medida inercial e codificador de posicionamento, que determinam a localização do veículo e rastreiam seus movimentos.
Duas coisas parecem particularmente interessantes na visão do Google. Primeiro, o protótipo usa mapas muito detalhados de estradas, vias e do tipo de terreno, o que é essencial para determinar localização exata do veículo, segundo Urmson. Se usassem apenas técnicas baseadas em GPS, a localização poderia falhar por vários metros, explicou.
A segunda coisa é que, antes de enviar o carro autônomo para um teste nas ruas, os engenheiros do Google dirigem pelo trajeto uma ou mais vezes para obter dados do entorno. Quando o veículo passa a ser auto-controlado, ele compara os dados que está captando com os registrados previamente, um recurso útil para diferenciar pedestres de objetos imóveis, como postes e caixas de correio.
O vídeo acima mostra os resultados. Em determinado momento, vemos o carro parar em um cruzamento. Quando o sinal fica verde, o carro começa a virar para a esquerda, mas há pedestres atravessando. Tudo bem: ele para os pedestres, e até para um homem que decide atravessar no último minuto.
No entanto, às vezes o carro precisa ser mais "agressivo". Quando se vê diante de um cruzamento de quatro vias, por exemplo, ele para para outros veículos de acordo com as leis de trânsito, mas se os outros carros não corresponderem, ele avança um pouco para demonstrar sua intenção aos outros motoristas. Sem programar esse tipo de comportamento, explicou Urmson, seria impossível para o carro robótico dirigir no mundo real.
É claro que os engenheiros do Google estão se divertindo à beça (avançando para o minuto 13:00, vemos Urmson abrindo um grande sorriso enquanto o carro acelera pelo estacionamento do Google, cantando pneus em cada curva).
Mas o projeto também tem um lado sério. Thrun e seus colegas do Google, incluindo os co-fundadores Larry Page e Sergey Brin, acreditam que os veículos inteligentes podem ajudar a aumentar a segurança e a eficiência no trânsito: os carros poderiam dirigir mais perto uns dos outros, aproveitando melhor os 80% ou 90% de espaços vazios nas estradas; formar comboios velozes nas vias expressas; e reagir mais rápido do que os humanos para evitar acidentes, salvando potencialmente milhares de vidas. Fabricar carros mais inteligentes exigirá grande poder de processamento de dados, por isso o apoio do Google ao projeto faz todo o sentido, destacou Thrun na palestra.
Urmson descreveu outro cenário possível, em que os veículos se tornariam um recurso compartilhado, um serviço utilizado quando as pessoas precisassem dele. É só teclar no smartphone e um carro autônomo apareceria na sua porta, pronto para levá-lo a qualquer lugar. Você só precisaria sentar e relaxar, ou trabalhar.
Ele explicou que há um vídeo em produção sobre um conceito chamado Caddy Beta, que demonstra a ideia de veículos compartilhados – neste caso, uma frota de carrinhos de golfe autônomos. Urmson explicou que oscarros de golfe são bem mais simples do que os Prius em relação aos sensores e computadores de bordo. Na verdade, os carrinhos se comunicam com sensores no entorno para determinar sua localização e “ver” o tráfego. "Essa é uma das formas com que esta tecnologia poderá tornar o transporte melhor e mais eficiente no futuro”, afirmou Urmson.
Thrun e Urmson reconheceram que existem muitos desafios, como o aperfeiçoamento da confiabilidade dos carros e a abordagem das questões jurídicas e responsabilidades legais. Mas ambos estão otimistas (recentemente, Nevada tornou-se o primeiro estado dos Estados Unidos a legalizar os carros autônomos). Segundo Thrun, “todos os problemas detransporte que as pessoas veem como um grande desperdício, nós vemos como uma oportunidade”.

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