segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Mais Você debate a banalização do diagnóstico de déficit de atenção















“Quem, nos dias de hoje, tem capacidade de guardar todas as informações? Será que o seu filho, o bagunceiro da classe, tem mesmo déficit de atenção? Parece que existe uma espécie de epidemia de falta de memória, ou melhor, de déficit de atenção. E é esse o assunto que eu vou tratar aqui, com um dos maiores especialistas da atualidade, Dr. Eduardo Mutarelli”, anunciou Ana Maria Braga no Mais Você desta segunda-feira, 28 de novembro.


As vendas de medicamentos a base de metilfenidato, indicado para tratar este mal, têm crescido a passos largos. Em 11 anos, o crescimento aqui no Brasil foi de 3.200%. O país se tornou o segundo maior consumidor desse substância, temida por seus efeitos colaterais: distúrbios no sono, dor no abdome e redução do apetite. Em reportagem, o programa mostrou no que consiste a doença do déficit de atenção. Em uma sala com 40 alunos, estima-se que dois sofram do transtorno. Desatenção, impulsividade, hiperatividade e dificuldade de concentração são os principais sintomas da doença.


Na casa, com Ana Maria, Eduardo Mutarelli relatou quais os motivos que levam os médicos ao rápido diagnóstico da doença. “Acho que existe um pouco de pressa nas coisas, o dia a dia de hoje é corrido, inclusive dos médicos. Na França, para fazer o diagnóstico de déficit de atenção, o tempo que os médicos levam é de 11, 12 horas. Que médico tem este tempo aqui no Brasil?”, questionou.


Síndrome do pensamento acelerado
“Todo mundo tem algum destes sintomas e a confusão é que estes sintomas são frequentes, mas eles têm que estar presentes de maneira a prejudicar. Tem autores que acham que esta doença nem existe, mas vamos admitir que existisse. Os autores alertam que têm diagnósticos demais e que as pessoas estão tomando remédios além da conta”, alertou. Em relação aos exames, o médico opinou: "É complexo a ponto de você ter que analisar o ambiente em que a criança está, em que contexto ela está. Quem tem déficit de atenção verdadeiro começa logo cedo, antes dos sete anos. Eles querem mudar agora para antes dos 12 anos”.


“Os sintomas de que a gente deveria prestar atenção são os que estejam interferindo pesadamente, não particularmente, não é que a criança não vá bem em determinada matéria, mas sim em todo o contexto. As aulas hoje são desinteressantes e fora do contexto”, analisou. “Eu acho que o dia a dia de hoje é tanta correria, que é mais fácil você fazer o diagnóstico do déficit de atenção, porque você culpa um fator externo e não se envolve mais”, avaliou o especialista, enfatizando que raramente o remédio ajudará o paciente. “Com tanta falta de tempo, pais trabalhando, a criança até poderia se recuperar se fizesse o dever de casa com alguém. É mais fácil você prescrever um medicamento, chapar a criança”, finalizou o neurologista.

Nenhum comentário:

Postar um comentário